sexta-feira, 26 de abril de 2013

Programa Antitabagismo da Secretaria de Saúde alcança bons índices em Guapé


Considerado um dos maiores problemas da saúde pública e ambiental, o cigarro está sendo combatido com muita eficácia em Guapé. A Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Saúde com parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, tem disponibilizado para a população, O Programa de combate ao tabagismo “Deixando de fumar sem mistérios”, que vem obtendo resultados expressivos. 

Desde sua implantação em Guapé, o programa atendeu aproximadamente 140 fumantes, em sua maioria, fumantes “pesados”. Destes, de acordo com o último levantamento, 55 permaneciam em abstinência de cigarro, média de 39 %, um número considerável em se tratando de dependência química. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o trabalho é interdisciplinar, com atuação de psicóloga, enfermeira, médico e farmacêutica. Na prática trata-se do atendimento em grupo de pessoas dependentes químicos de tabaco que manifestam o desejo de parar de fumar. Antes da implantação dos atendimentos, as agentes comunitárias de saúde visitaram todas as casas do município e levantaram dados sobre o número de fumantes ativos e passivos, além de conscientizar e orientar a população sobre os riscos do tabaco. 

Os grupos são coordenados pela psicóloga Carla Cristina Rodrigues e pela enfermeira Flávia Mourão. A princípio os atendimentos ocorriam na sede do Serviço de Saúde Mental, mas com a alta demanda foi necessário ir para um espaço maior, então os encontros estão sendo em uma das Unidades de Saúde do município. Apesar do atendimento coletivo, busca-se dar atenção individualizada às especificidades de cada participante, estabelecendo vínculo de apoio entre profissional-usuário e usuário-usuário. 

O atendimento médico é feito individualmente e a prescrição de medicamentos se dá mediante avaliação clínica de cada caso. Para o participante que consegue abster-se do cigarro por pelo menos três semanas, também é disponibilizado atendimento odontológico na rede municipal, o que acaba envolvendo ainda o profissional da odontologia no processo. 

Entre as pessoas que pararam de fumar, está Edson, que contou sobre sua experiência em participar do projeto; “Realmente o programa antitabagismo funciona. Com a ajuda médica disponibilizada, e principalmente com minha própria força de vontade, consegui parar de fumar.” 

A Secretaria de Estado da Saúde disponibiliza medicação apropriada (antidepressivo, adesivos e pastilha de nicotina), material gráfico e proporcionou ainda uma breve capacitação para os profissionais do município responsáveis pelo trabalho. 

A psicóloga Carla Cristina Rodrigues ressaltou as ações do programa e o apoio fundamental dos agentes de saúde; “Nosso objetivo é que os dependentes de nicotina possam se libertar do vício através da aprendizagem de estratégias de enfrentamento dos problemas diários que, se bem aplicadas, vão inevitavelmente convergir na melhora da qualidade de vida da pessoa e da família como um todo. A implementação do Programa anti-tabagismo tem ocorrido em um processo de contínua aprendizagem e adaptação à realidade local. A contribuição das agentes de saúde é muito valiosa, pois pode-se dizer que elas fazem a busca ativa dos fumantes para participar do tratamento, e os usuários que se interessam podem se inscrevem em sua própria unidade de Programa de Saúde da Família". 

Atualmente o programa está no quinto grupo e com a experiência tem conseguido padronizar as intervenções: os primeiros encontros ocorrem com maior freqüência e, na medida em que os usuários conseguem libertar-se do uso do tabaco e passar pela fase mais pesada de abstinência, as sessões em grupo vão sendo espaçadas, no entanto está sendo mantido a atenção para evitar ao máximo as recaídas. “O horário que ocorre os atendimentos também foi adaptado, pois percebemos que havia dificuldade em frequentar o grupo em horário comercial, já que a maioria trabalha, os encontros têm sido à noite, com grande melhora na aderência ao tratamento”, ressaltou a psicóloga Carla Rodrigues. 

Ainda de acordo com a psicóloga, o empenho para combater o uso de tabaco deve ser geral, e para evitar as recaídas é preciso mudar outros aspectos e hábitos, como passar a ter uma postura mais saudável e positiva diante da vida e principalmente diante de si próprio, é uma questão de auto-estima e auto-cuidado. Ao contrário do que muitos dos pacientes acreditam, só usar medicação não é suficiente para manter a abstinência, a maioria dos dependentes que temos tido contato são pessoas que já tentaram parar de fumar em várias ocasiões sem sucesso e que fazem uso de cigarro por pelo menos dois terços de seu tempo de vida, tanto que é comum nas sessões ouvir dos pacientes: “eu fumo há tanto tempo que não consigo lembrar de mim sem o cigarro”. 

Outro fenômeno digno de nota que é observado desde o primeiro grupo, é que muitos dos que frequentam o grupo pra parar de fumar, fazem com que outro fumante de seu convívio também abandone o vício do cigarro: amigo, cunhado, marido ou esposa; “Neste grupo atual mesmo há o exemplo do marido de uma frequentadora  mesmo sem ter ido a nenhuma sessão ou feito uso de qualquer medicamento, depois da esposa passar um mês sem fumar, o marido, que chegava a fumar três maços de cigarro por dia também parou. A pequena filha do casal de quatro anos, que frequenta algumas reuniões acompanhando a mãe, está muito contente”, finaliza a psicóloga Carla Rodrigues. 

Danos a saúde e ao meio ambiente 

De acordo com informações do site do INCA (Instituto Nacional de Câncer), além dos danos à saúde (como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, dentre mais de 50 doenças diretamente relacionadas ao tabagismo), ao longo da cadeia de produção do tabaco há fatores que afetam o meio ambiente e toda a sociedade: desmatamento, uso de agrotóxicos, agricultores doentes, incêndios e poluição do ar, das ruas e das águas. 

A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos veículos), substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. 

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